quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Programa "Juventude Universitária"

Programa de rádio produzido pelos integrantes do núcleo de comunicação da Paróquia Universitária São João Evangelista. No programa destacamos a atuação da Parusje e também colocamos em evidência a fé da juventude no meio universitário.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O OLHAR

Os olhos revelam aquilo que o coração sente. São as janelas através das quais se pode ver a situação em que se encontra o coração e a mente. Nada escondem. Nada omitem. São uma transparência fiel daquilo que acontece no interior do ser humano.
O olhar triste, o olhar deprimido sempre revela alguma dor, algum sofrimento. O olhar vago, o olhar distante deixa transparecer medo ou insegurança. O olhar fixo revela dúvida ou teimosia. O olhar irrequieto demonstra apreensão. E o olhar alegre, tranqüilo e sereno revela a riqueza e a beleza de uma alma feliz.

Às vezes enfrentamos olhares curiosos, outras vezes olhares teimosos. E ainda olhares desconfiados e perigosos. Exigem atenção e prudência ao querer pensar alguma atitude ou alguma palavra a proferir. É importante ter postura equilibrada e resguardada para não sofrer conseqüências desagradáveis.

 “Os olhos são a lâmpada do corpo. Se o olho é sadio, o corpo inteiro fica iluminado. Se o olho está doente, o corpo inteiro fica na escuridão. Assim, se a luz que existe em você é escuridão, como será a grande escuridão!” (Mt.6,22-23)
Assim o Mestre dos mestres se manifesta em sua missão de educar cada ser humano nos princípios da fé e na riqueza do amor. Sempre encontra uma maneira simples, mas ao mesmo tempo, segura para quem o procura. O seu olhar é algo que penetra fundo no coração. É algo que impressiona cativa e transforma.

Não há quem resista. Muda o comportamento, a atitude e mesmo os projetos da pessoa. Uns aderem incondicionalmente. Outros simplesmente preferem dar as costas e tomar outro rumo. Ninguém consegue ficar indiferente.

Apenas recordando alguns fatos em que o Mestre dos mestres agiu e contagiou pelo olhar: a mulher samaritana que se viu completamente transformada ao encontrar-se com ele. Foi à cidade e disse ao povo: “Venham ver um homem que me disse tudo o que eu fiz’ (Jo.4,28). O filho pródigo: “Quando ainda estava longe o pai o avistou e teve compaixão. Saiu correndo o abraçou e o cobriu de beijos” (Lc.15,20).

Um olhar que deve ter marcado profundamente não só as mulheres que o seguiam, mas também todo o povo que o acompanhava no caminho do calvário foi quando se encontrou frente a frente e, vendo a tristeza e as lágrimas, disse: “Não chorem por mim! Chorem por vocês e seus filhos (Lc.23,28)

Seu olhar não foi apenas um olhar de consolo. Foi um chamado para se manterem fiéis a tudo quanto dele haviam recebido, pois percebera que ainda não estavam convencidas de que era preciso que ele morresse e ressuscitasse para salvar a humanidade. E elas e todos os demais deveriam assumir corajosamente a missão de levar ao mundo essa mensagem salvadora.

O olhar de Deus não é jamais um olhar investigador. É um olhar de amor. É um olhar de acolhida e transformação. É um olhar de perdão e de vida nova. É um olhar de encontro e de comunhão de vidas. É um olhar de partilha e de alegria por sentir que ainda existe uma certeza: a certeza de que ele ama a cada um e a cada uma com um amor especial.

 artigo do Frei Venildo Trevizan

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Um Deus Diferente




Cada qual tem o direito de elaborar um conceito muito pessoal de Deus. Mesmo as filosofias e as teologias incutindo conceitos clássicos e comuns, mesmo assim as pessoas em suas mentes elaboram um conceito muito seu, muito próprio. E isso se supõe ser fruto da elaboração de certas atitudes tomadas frente a situações de sofrimento e outras provações que interfiram em seu modo de viver e até em seu modo de ser e de pensar.

Certamente Deus não irá mudar sua postura e nem sua maneira de se comunicar com as criaturas que ele próprio criou e distribuiu harmoniosamente neste universo maravilhoso e repleto de mistérios que desafiam toda e qualquer inteligência humana. Essas criaturas são obras perfeitas pensadas e criadas por ele.

E ele não irá querer jamais que nenhuma delas se deteriore, ou se destrua, ou se elimine. São frutos de um infinito amor e de uma soberana vontade. E quer que tudo se relacione e conviva numa sagrada complementação. Não é do seu plano toda e qualquer forma de agressão ou de guerra entre suas criaturas. Tudo foi criado para o bem, para o amor mútuo, para o respeito e para a comunhão.

Mesmo que nem todos assim vejam ou concebam, mesmo assim Deus zela pela harmonia e convivência pacífica. O Mestre dos mestres é quem revelou ao nosso mundo esses anseios e esses sonhos. Através das mais diversas pregações e comparações ele quis fazer conhecer a grandeza e a bondade do coração de nosso Deus e Pai.

Mesmo assim ainda persiste uma certa mentalidade discriminatória. Existe quem queira criar para si um deus um tanto justiceiro. Quer um deus que privilegie os bons e destrua os maus, um deus que recompense os justos e castigue os injustos, um deus que salve e um deus que condene.

Existem ainda pessoas que, por sua origem e sua formação religiosa, se julgam no direito de usufruir de toda a proteção e do máximo de segurança da parte de Deus. E se caso surgir uma doença grave ou qualquer outra situação de sofrimento, é mais que suficiente para um sério questionamento e até uma revolta ferrenha, pois não concebem que isso possa acontecer já que sempre foram fieis e dedicadas às causas religiosas e cristãs.

São pessoas que querem um Deus só para si, fazendo dele um bom funcionário, um esmerado servidor e um fiel empregado. Deverá estar muito atento e servir com eficiência sempre que necessário. Não poderá negar benção alguma, nem graças, nem proteção e nem saúde. Deverá preencher e satisfazer toda e qualquer necessidade.

Mas quero deixar claro: o Deus que estou buscando conhecer e seguir não um deus que resolva problemas, não é um deus milagreiro. É um Deus que concede a inteligência para pensar, planejar e elaborar meios de conviver com todas as situações e acontecimentos que envolvam o viver e o ser de toda e qualquer criatura.

O Deus em quem creio é um Deus que ama com amor especial cada criatura que ele próprio criou e quer salvar. É o Deus sempre presente com sua bondade, com sua generosidade e com suas bênçãos iluminadoras.

Frei Venildo Trevizan

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O caminho da humildade


      O caminho da glória tem seu início na humildade em aceitar as condições de vida e de conhecimentos que se consegue adquirir e construir. E isso certamente com empenho e esforço próprios de quem não costuma se acomodar e muito menos desistir em suas buscas e em seus propósitos.

            Esta é a hora de revelar o verdadeiro lado humilde e encarar a realidade de maneira simples e com muita disposição enfrentando os obstáculos que surgirem e superando os desafios que por ventura se apresentarem pelo caminho. E lutar com toda a esperança possível até alcançar a vitória e celebrar a conquista que se havia proposto.

            Quem alimentar esse ideal e esse projeto de vida será sempre alguém que cultiva com simplicidade os valores espirituais com o único objetivo de servir a família ou a comunidade com todo o amor possível e com toda a dedicação que for necessária. E sempre com o semblante alegre e o coração feliz.

            Não pensa em querer aparecer diante dos demais como alguém importante, prefere permanecer no último lugar e de lá observar quem esteja precisando de seus préstimos. E no silêncio da mente domina o orgulho de querer aparecer e exercita a humildade em servir e o faz sabendo que tudo quanto fizer ao menor dos seres humanos estará fazendo para Deus. E de Deus terá a devida recompensa.

Nesse período de campanha eleitoral nota - se em todo lugar candidatos a algum cargo público querendo parecer interessados em se colocar à frente de quermesses paroquiais, eventos sociais e beneficentes e em outras tantas solenidades que envolvam agrupamento de pessoas. Nada contra. É importante essa presença e essa necessidade de se fazer conhecer melhor em seus objetivos e em seus planos de governo. Mas não pode acontecer só nessas oportunidades.

            A pessoa que se presa em sua competência administrativa, não buscará apenas esses eventos e essas solenidades, ela cultivará sua competência no dia – a – dia da convivência e da participação nos acontecimentos da comunidade em que reside. Sua grandeza e seu valor não se revelam nas propostas apresentadas publicamente, mas no testemunho consciente e constante, simples e humilde, honesto e sincero.

            A partir disso certamente entenderá que ser importante não será ocupar os melhores e mais confortáveis lugares, não será sentar nas primeiras cadeiras ou poltronas, mas, estando onde estiver, ser reconhecido pelo bem que esteja fazendo e pelo testemunho que esteja transmitindo, pois, será alguém consciente e sério, vivenciando os preceitos da honestidade, da justiça e do amor fraterno.

            E sabe, acima de tudo, que a verdadeira grandeza é a que tivermos diante de Deus. Só ele sabe o que cada qual merece, o lugar que lhe é reservado e a honra de que será revestido. Tudo o mais nesse mundo perderá o valor e o sentido. Só permanecerá aquilo que for feito com reta consciência e alegre submissão a vontade do próprio Deus. Só ele sabe o que cada qual merece.


Artigo do Frei Venildo Trevizan

domingo, 29 de agosto de 2010

Perdão!

Quando somos pequenos e aprontamos, nossos pais nos submetem a uma espécie de teatro - somos postos cara a cara com a "vítima" e pedimos desculpas, porém sem a mínima vontade. Nós esperneamos mas não tem jeito: vamos lá e interpretamos o papel de arrependido. Quando a situação era inversa, ou seja, nós éramos a vítima, relutávamos em aceitar a desculpa também, mas acabávamos falando que perdoamos, mesmo com uma raiva imensa pelo colega ter arrancado a cabeça do seu boneco favorito.Essas crianças crescem. Algumas aprendem a se desculpar e perdoar, enquanto outras continuam se movendo num jogo ridículo, pedindo desculpa por cortesia e perdoando por conveniência.Se o tema perdão fosse só isso, pessoas sinceras e pessoas desonestas,seria até simples. Mas o perdão é muito mais complexo.A começar pelas perguntas que martelam a nossa cabeça - quando perdoar? Quando pedir perdão?

Acho que o perdão, pra começar, só existe quando há sinceridade de ambos os lados. Quem errou tem que ter um arrependimento convicto, assumir que errou e se comprometer a não repetir o erro. Quem perdoa não deve guardar rancores: de nada adianta dizer que aquilo já passou mas ficar se remoendo e sofrendo por causa disso.

Tá, você já perdoou/foi perdoado?!

Mas e se aquela situação se repetir da mesma forma, com a mesma pessoa? Devemos aceitar as desculpas e nos machucarmos de novo? Ou devemos ser radicais e dizer: não, não posso tolerar isso?E quando conseguimos fazer a mesma besteira duas vezes?

O errado tem obrigação de se desculpar e não exigir que seja entendido. Livre-se do peso se desculpando e admitindo a culpa.

Para perdoar uma segunda vez, tem que haver uma força de vontade bem grande. Se valer a pena, deixe o tempo levar a ferida; mas se não for vantajoso se machucar de novo, não se culpe, porque o coração, uma hora, acaba se cansando de perdoar.O que importa é que nessas situações esqueçamos um pouco a cabeça, e sigamos um pouco nosso coração, até porque nessa hora ele é mais sábio.

Não é impossível que num certo ponto você pense: "eu estou errado", mas o coração diga "deixe de besteira, não se desdobre à toa!". Ou nossa cabeça diga: "Nunca poderei conviver sabendo que ele fez isso!", mas o coração diga "ele está arrependido. Uma segunda chance vale a pena".

Eu também passo bastante tempo pensando no que fazer, seja qual for minha situação.Mas só posso te dar uma certeza: analisando e pensando com cuidado, a decisão nunca será errada.Há um poema que circula na internet e eu recebi outro dia, sobre perdão. Achei lindo e repasso, mas advirto que o autor é desconhecido.

"O que é mais importante: Perdoar ou pedir perdão?

Quem pede perdão mostra que ainda crê no amor,

Quem perdoa mostra que ainda existe amor para quem crê.

Mas não importa saber qual das duas coisas é mais importante -

É sempre importante saber que perdoar é o modo mais sublime de crescer,

E pedir perdão é o modo mais sublime de se levantar."

sábado, 28 de agosto de 2010

VOCAÇÃO DE SER ESTUDANTE



O ser humano é o único ser sobre a face da terra capaz de conduzir sua própria história. Só a pessoa é dona de seus atos e é capaz de optar entre várias alternativas, programando aquilo que fará parte de seu projeto de vida.
A você, jovem que hoje tem a oportunidade ou o privilégio de estudar, parabéns. Saiba que você é um vocacionado. Vocação é o chamado que Deus faz a cada um de nós, convidando-nos a construir juntos o seu Reino no meio do mundo.
Portanto este período de sua vida que é dedicada aos estudos é de fundamental importância para que a vontade de Deus se realize, pois é por meio do seu existir, da sua capacidade, da sua coragem e do seu esforço que Deus se manifesta na força do Espírito presente no mundo.
Sua vocação transcende e alimenta a esperança de milhões de pessoas que anseiam por um futuro melhor, pois ser fiel a oportunidade de estudo é de alguma forma optar por Deus e pela plena realização humana.
Aproveite essa graça que lhe foi concedida e seja feliz.
Frei Junio Cesar
Vigário da Paróquia Universitária

Resgatar o papel da Pastoral das Universidades



Nem sempre evangelizar é uma missão fácil. Na verdade é uma tarefa árdua e complexa, mas muito rica.   Nos tempos atuais evangelizar é estar exposto a acentuações e traços diversificados trazidos até nós por uma cultura pós-moderna reinante.

Mas em todo caso, nós, da Pastoral Universitária, devemos encontrar caminhos para uma ação eficazmente evangelizadora que nos leve ao anúncio explícito de Jesus Cristo e o encontro com Ele. Não devemos, e nem podemos, ter medo de anunciar a Boa Nova de Jesus aos jovens de nosso tempo. Isso exigirá um esforço pastoral grande para estar junto aos jovens; suportando-os nos momentos de indecisão, ouvindo seus clamores e sendo presença em suas lutas e vitórias.

A Pastoral Universitária sempre foi, e deverá continuar sendo, um espaço propício para os jovens que buscam o fortalecimento de sua fé ou a descoberta dela. Deve estar aberta aqueles e aquelas que buscam refletir o problema religioso na perspectiva de uma ampliação de horizontes, uma vez que estão no mundo acadêmico. Portanto, fazem parte de uma “seleta sociedade de seres pensantes”.  

No centro da missão da Pastoral Universitária, encontramos essencialmente uma pessoa: Jesus de Nazaré. Neste sentido o nosso trabalho é colocar os nossos jovens não apenas em contato, mas em comunicação, em intimidade com Jesus Cristo. Isso de alguma forma deve ser palpável a toda e qualquer pessoa, pois o “Reino de Deus”, é o plano grandioso do Pai para a humanidade toda, o projeto anunciado por Jesus em um mundo reconciliado e fraterno, onde se realize os valores que o coração humano sempre sonhou: o amor, a vida, a verdade, a felicidade, a justiça e a paz.

A presença evangelizadora da Pastoral no meio acadêmico consiste em descobrir o evangelho já vivido, praticado, presente e atuante no mundo, inclusive, além das fronteiras confessionais da Igreja (Mc 9,39-40), e identificar sua eficácia.  O desafio é grande: hoje não é possível anunciar Cristo como salvador se não se comunica e se vive uma autêntica experiência de salvação.  Isso para nós é muito claro, ao pensarmos nossos objetivos e metas, fica evidenciada a urgência do “primeiro anúncio”.

Temos consciência de que devemos fazê-lo, no entanto, o anúncio cristão, aquele proposto por Jesus, não deve apresentar-se nunca com ares de imposição, menos ainda recorrendo à doutrinação ou ao proselitismo. Deve significar sim, uma oferta livre, um convite amoroso, uma proposta possível: “Vem e vê”. Isso não quer dizer que o dinamismo evangelizador diminua sua eficácia, mas que, esse mesmo dinamismo leve em conta, o realismo histórico, respeitando e dialogando com as novas coordenadas culturais.


Como disse anteriormente, é tarefa árdua. Nosso anúncio deverá ser realizado a partir dos valores, mas também das limitações institucionais que temos, sem sentimentos de revanche, sem espírito de cruzadas, ressentimento ou nostalgia do passado. Temos que nos apoiarmos numa atitude de verdadeira humildade e amor a nossa Igreja, relacionando-nos com o mundo numa perspectiva positiva com o mundo que aí está evitando demonizações e fáceis condenações, uma vez que, sabemos que esse mundo é criado e amado por Deus.

Tomemos, portanto, consciência de nosso papel no processo histórico, sem perder de vista a serena convicção de que é Deus, através do seu Espírito Santo quem move os corações, quem pode eficazmente converter as pessoas, e não nós. Por mais preparados que somos ou mais decididos que nos sintamos optar por Deus ou não, é sempre uma atitude pessoal.   Toda conversão à fé, toda abertura à palavra de Deus, é sempre algo inesperado, uma surpresa.

A nossa grande colaboração está justamente em testemunhar em nossa vida, a presença vivificante de Jesus Cristo, tornando-o mais conhecido, mais amado e mais assumido no meio acadêmico e na sociedade como um todo. A evangelização no meio universitário não é uma tarefa, mas sim a “Tarefa” que devemos com amor executar.
Frei Junio Cesar
Vigário da Paróquia Universitária

VIDA E ORAÇÃO

O ser humano só pode se considerar grande quando se prostra de joelhos diante de Deus. Lá é o lugar em que toma consciência de suas forças e de suas limitações, de suas qualidades e de suas deficiências, de suas grandezas e de suas misérias. E se põe a orar realizando uma relação muito pessoal com Deus vivo e verdadeiro.
 
            São muitas as maneiras de orar. Em cada situação e em cada circunstância existem formas de relacionamento com Deus. Tanto assim que inventam orações as mais diversas: orações de louvor, orações de cura e libertação, orações para as causas impossíveis, para os momentos de angústia, de solidão e tantas outras que talvez seja até difícil para Deus e para alguns santos entenderem e saberem o que esse povo estaria querendo expressar e resolver.
 
            São orações ou “fórmulas mágicas” garantindo graças, bênçãos e até milagres. E se encontram espalhadas nas igrejas e nos pés dos santos mais preferidos. E isto revela a fragilidade da fé de tantas pessoas que, ou não têm a quem apelar, ou se encontram desiludidas e amarguradas pela vida. Expressam também a situação angustiante em que se encontra a grande massa humana fragilizada em sua condição social, física e financeira. Só lhe resta apelar para milagres vindos do alto já que o cuidado com a saúde está se tornando difícil e muito caro.
 
            O difícil também é entender como estão surgindo essas tantas maneiras de orar. Mais difícil é entender por que algumas dessas orações exigem de quem as recebe fazer tantas cópias, enviar para tantas pessoas e exigir que não interrompam a corrente. Caso contrário poderá acontecer algum desastre ou outro problema muito sério.
 
            Creio firmemente que esta não seja a vontade de Deus. Pois ele não é de fazer chantagem com ninguém e muito menos ameaças prejudiciais. Ele é compassivo e misericordioso. Ele é atencioso e acolhedor. Não impõe obrigações nem exigências. Simplesmente quer o melhor para cada filho e cada filha.
 
            Quem está em comunhão com ele não necessita de muitas coisas. Aliás, quem muito pede é porque desconhece seu poder e sua generosidade. Quem muito pede demonstra se encontrar muito distante. Pois orar é justamente colocar-se à sua disposição partilhando os próprios anseios e projetos, reconhecendo sua bondade e sua gratuidade.
 
            Orar é prestar atenção em tudo o que se faz para que seja feito da melhor forma e consiga alcançar os melhores resultados, sempre respeitando a quem estiver no mesmo caminho e na mesma tarefa. É partilhar as expectativas e as esperanças. É incentivar os mais fragilizados a acreditarem na certeza de se tornarem vitoriosos.
 
            Orar é colocar-se à disposição de Deus. É permitir que Deus caminhe conosco. E para que isto aconteça é preciso fazer-se digno de caminhar com ele. Caso contrário, será difícil permanecer no mesmo caminho dele. Pois seu caminho é de respeito sincero, de amor profundo, de partilha fraterna, de perdão contínuo e de comunhão permanente.
 
            Orar é fazer de si uma imagem viva e transparente de Deus que deseja se manifestar a todos e principalmente a quem o desconhece ou se encontra em situações de sofrimento e de dor.
                                                   
 Frei Venildo Trevizan

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A Escolha Pessoal

O mês de agosto é celebrado pela Igreja como o mês das vocações. É um tempo oferecido para uma reflexão mais profunda sobre a escolha pessoal de realizar cada qual sua vida segundo as aptidões e decisões totalmente pessoais. Algumas pessoas já fizeram essa sua escolha. E agora estão trabalhando e cultivando de tal forma que vivem alegres e contentes em poder realizar algo pelo bem da comunidade.
 
Outras ainda não fizeram, mas estão pensando, buscando luzes e lutando para poder fazer essa sua escolha e tomar a decisão com segurança e equilíbrio. Não têm pressa. Preferem pensar melhor, estudar mais até ver com mais clareza o caminho a seguir. Outras talvez estejam agora amargando uma escolha mal pensada ou mal sucedida.
 
E passam a viver um dilema crucial. Não sabem se arriscam continuar nessa escolha, se abandonam essa e buscam outra, ou que outro rumo tomar. É muito dolorosa essa situação, pois deixa transparecer uma conflitante decepção, um doloroso desânimo, ou até uma sensação de fracasso.
 
E é difícil recomeçar. Mas não é impossível. Essa é a verdade: nada é impossível para quem alimenta uma esperança. E com ela pacientemente vai suportando as dúvidas, aceitando as incertezas e cultivando a fé naquilo que assumiu. É alguém que acredita que após uma noite escura virá um dia de sol; e após a tempestade virá um tempo bom.
 
É a escolha pessoal. É a força que todo o ser humano possui em seu interior. E apenas precisa ser colocada em ação para transformar os ambientes e circunstâncias. É uma força que assumida com entusiasmo torna a vida mais leve, alegre e feliz. Pois vê em si um permanente milagre de cativar, de influenciar e de criar um ambiente saudável onde todos se sintam irmãos e irmãs no mesmo nível de fraternidade.
 
É uma escolha pessoal que leva alguns a assumirem o sacerdócio ministerial, outros à vida religiosa, outros à vida matrimonial, outros como leigos consagrados e outros ainda como simples leigos engajados nas pastorais e movimentos eclesiais. Cada qual à sua maneira e de acordo com sua generosidade.
 
É muito triste viver ao lado de pessoas que se encontram insatisfeitas, desanimadas, ou oprimidas por alguma situação de medo ou insegurança. Pessoas que só sabem lamentar, reclamar e murmurar. São pessoas que sofrem terrivelmente em seu interior. E não percebem que estão cercadas de alegria, otimismo e entusiasmo. Encontram-se amarradas pela insatisfação e prisioneiras do pessimismo.
 
É hora de abrir o coração e contemplar os horizontes que estão a oferecer um novo sol, uma nova luz e uma nova esperança. É hora de se orgulhar pelas múltiplas possibilidades que se oferecem e se apresentam para transformar a vida e o modo de ser em vista daquilo que é possível ser.
 
Ser, não para si, mas para o mundo. Ser, não para os interesses egoístas, mas para gestos de generosidade e gratuidade. Ser, não para o orgulho, mas para a humildade e simplicidade no testemunho da fé, da esperança e do amor.
                                                                                 
 Frei Venildo Trevizan

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Viva a amizade

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.


Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. 


Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.

Deles não quero resposta, quero meu avesso.

Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco.


Quero os santos, 
para que não duvidem das diferenças e 
peçam perdão pelas injustiças.


Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.

Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.

Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. 
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.



Quero amigos sérios, 
daqueles que fazem da realidade 
sua fonte de aprendizagem, 
mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos.

Quero-os metade infância e outra metade velhice!


Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
 

Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, 
crianças e velhos,  nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

(Loucos e Santos, de Oscar Wilde)

Vamos torcer pelo Brasil!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O PREÇO DA DECISÃO

          É natural a todo o ser humano nascer, crescer, desenvolver seus dons produzindo algo que seja útil e, por fim, encerrar sua vida neste mundo e passar para o definitivo e eterno que para muitos é desconhecido, mas para outros é o melhor e o mais precioso, pois será premio pelo modo de viver que realizou. 
           É certo que ninguém nasce por decisão própria. Ninguém escolhe onde e de quem nascer. Não escolhe a cor, o sexo e a pátria. É um simples e maravilhoso fruto da união de um homem e uma mulher. Não é decisão pessoal. Mas na medida em que for crescendo nascem as responsabilidades e aparecem as exigências e será preciso decidir a cada passo.
            Começa o caminho das decisões. Não há como ficar indiferente ou deixar a vida acontecer. É um contínuo desprender do passado, superando tradições, vencendo comodismos e arriscando uma constante decisão para conquistar a liberdade em toda sua riqueza e em toda sua responsabilidade.
            Jamais a decisão poderá ser fruto de uma emoção. Necessita de uma postura equilibrada da razão. Caso contrário surgirão conseqüências muitas vezes desastrosas justamente por não ter pensado, refletido e calculado melhor. É sempre bom não ter pressa para não precipitar algo que poderia ser muito válido e muito precioso e que essa precipitação pos tudo a perder.
            O Mestre dos mestres se encontrava a caminho de Jerusalém. Muitos discípulos e admiradores o seguiam. E ele ia ensinando muitas coisas importantes. Entre elas mostrava o caminho para quem pretendesse unir-se a seus planos e seus projetos. Mostrava ainda as dificuldades que enfrentaria, as incompreensões e até a rejeição de muitos que não aceitavam sua doutrina.
            Assim mesmo entre esses seguidores havia alguns mais corajosos, ou até mais afoitos. Um deles se aproximou e disse: “Eu te seguirei para onde quer que fores”. Mas o Mestre respondeu: “As raposas tem tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc.9,57-58).
            Não basta o entusiasmo. Não é suficiente o encanto e menos ainda a emoção do momento. É preciso ter a cabeça no lugar. É preciso pensar com a mente livre, serena e equilibrada. Já existem muitos seres humanos caídos à margem da vida. Tomaram decisões precipitadas e agora não têm como se recompor, como recuperar os sonhos perdidos e os projetos destruídos.
            O Mestre procurou advertir que para tomar uma decisão daquela dimensão, daquela grandeza, era necessário ponderar com seriedade o caso. Pois segui-lo não era tão fácil como alguns imaginavam. Teriam que examinar bem as exigências.          
Os animais e os pássaros têm como se agasalhar por estarem em seu habitat natural. E esse era a segurança deles. Mas seguir o Mestre significaria não ter lugar fixo e nem seguro. Significaria não poder contar com o conforto e com a tranqüilidade. Significaria pôr-se a caminho.
            É preciso estar sempre a caminho. Não pode parar. Não pode se acomodar. Mas caminhar olhando sempre em frente. Olhar para trás é não acreditar naquilo que escolheu, naquilo que assumiu.

Frei Venildo Trevizan.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O PODER DOS DONS

Depois de tantos milênios de convivência humana ainda temos que nos perguntar: Por que ainda existem conflitos entre nações, entre etnias e entre pessoas? Por que ainda persistem as guerras, a fome e a miséria?

            Poderíamos prolongar esses questionamentos em muitas dimensões e em muitos ambientes que continuam demonstrando o quanto o ser humano pode se tornar mesquinho em posse de tantos dons e tantos talentos. Aquilo que poderia mudar a face da terra ensangüentada em terra de flores infelizmente está se tornando monopólio de uns poucos que se constituem donos do mundo e das riquezas.

            Não é assim que Deus quer. O apostolo Paulo em seu entusiasmo evangelizador nos diz: “Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos. A um o Espírito dá a palavra da sabedoria; a outro a palavra da ciência segundo o mesmo Espírito; a outro o Espírito dá o dom da fé; a outro o dom das curas; a outro o poder de fazer milagres; a outro a profecia; a outro o discernimento dos espíritos; a outro o dom de falar em línguas; a outro ainda o dom de interpretá-las” (ICor.12,7-10).

            Esse Espírito de Deus é quem concede tudo isso distribuindo seus dons a quem se propuser usar para melhor servir a comunidade. Não são para proveito próprio e nem para a própria santificação ou salvação. Pois a santificação e a salvação dependem do empenho com que se dedica na edificação do Reino de Deus, mediante uma ação transformadora junto à sociedade.

            É bom saber que é mediante o serviço prestado a favor dos empobrecidos que irá constituindo o caminho que conduz à plenitude da comunhão com Deus. A Deus ninguém chega sozinho. Há um caminho. E esse caminho é feito de solidariedade e partilha fraterna, de ações a favor da justiça e da verdade, de compromisso com o bem e com a ética.

            É assim que o mundo poderá se organizar para viver em profundidade os ensinamentos que o Mestre dos mestres revelou como provindos do amor e da sabedoria do Pai. E esse Pai ama seus filhos e filhas na totalidade da perfeição. Ninguém ama o tanto e o como ele ama. E ele é ciumento. Não quer perder ninguém.

            Se alguém o abandonar, ele continua amando. Se alguém o negar ele perdoa. Se alguém o trair, ele suporta pacientemente. Não tem pressa e não é exigente. Sabe aguardar e sabe que haverá um momento de reencontro e de celebração alegre e fraterna de uma nova comunhão.

            Nem todos pensam num Deus assim. Nem todos crêem num Deus assim. Nem todos comungam um Deus assim. Quem descobrir essa maravilha certamente passará a viver mais seguro e mais feliz. E saberá ser impossível descrever e enumerar os dons que dele recebe.

            E verá que a generosidade de Deus supera toda e qualquer criatividade humana. E sentirá o quanto é maravilhoso deixar-se iluminar por seus ensinamentos e deixar-se guiar por seus dons. Dons que formam em sua diversidade a beleza e a grandeza da convivência entre os seres humanos e com o próprio Deus.

            Essa diversidade enriquecerá a comunidade na medida em que cada qual se dispuser a contribuir para a comunhão de todos no mesmo ideal de viver na presença amorosa de Deus.


Artigo do Frei Venildo Trevizan, pároco da Paróquia Universitária.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Por que nos encontramos constantemente em situação de pecado?

Às vezes os nossos pecados nos desanimam e decepcionam. Nos fazem duvidar  se realmente é possível ser santo. Vamos refletir então. Aceitamos os mandamentos, recebemos os sacramentos e até evangelizamos e ainda assim tendemos ao pecado. Desde antes da vinda de Jesus o povo escolhido por Deus como nação santa transgrediu os mandamentos, desagradando a Deus. Davi depois de ser abençoado por Deus resolveu tomar a mulher de Urias e matá-lo. O discípulo Simão Pedro, depois de tanto seguir Jesus, o negou 3 vezes. Como vemos muitos já passaram por isso.
Jesus veio ao mundo para mostrar o perdão e a misericórdia. Seu jeito simples e amoroso conquistou os pecadores. Trouxe nova vida a eles quando disse “ninguém te condenou, nem eu te condeno, vai e não tornes a pecar”.  “tua fé te salvou”
O pecado serve para nos lembrar que somos fracos e precisamos de Deus. Cada vez que pecamos temos a oportunidade de nos reconciliar com Deus. Pois onde abundou o pecado, superabundou a graça. (Rom 5,20) A graça de sentir o amor do pai que perdoa o filho.
Aqueles que se julgavam muito bons não receberam desta graça. O orgulho não deixa sentir tanto amor. Pois por maior que seja a queda, Deus é pai misericordioso e maior ainda é a festa no céu quando você se levanta.
As tentações são necessárias. Elas nos fazem “baixar a crista”, fechar os olhos, e enxergar como somos ainda pequenos. Deixar de lado o orgulho de fariseu e reconhecer-se pecador. Isso deve nos levar a humildade, que não julga, mas busca sempre melhorar pra Deus. Quanto menores nós somos, mais precisamos de Deus e Ele se torna maior em nossas vidas.
Podemos pensar: “Se fomos salvos por Cristo, libertos do pecado, permaneceremos então no pecado, para que haja abundância da graça!” Então Paulo escreve: De modo algum. Nós, que já morremos ao pecado, como poderíamos ainda viver nele?” (Rom 6, 12). Nós não podemos nos condenar a afundar no pecado, pois com Jesus podemos ser resgatados. A fé em Jesus Cristo gera salvação.

 Morrer para o pecado é um processo que exige perseverança no jejum , na oração e na leitura da palavra. Eles são armas que fortalecem o espírito e fazem que ele sobreponha-se a carne. Pois o espírito forte resiste às tentações. Não pense que por isso vai se ver livre delas. As tentações são colocadas a nossa frente para que provemos que nosso amor a Deus é maior que os desejos da carne, tirar de nós o orgulho e para garantir que a busca pela vida eterna continue aumentando em nós.

Viver o plano de Deus é uma decisão diária. O sacramento da reconciliação nos dá a chave do reino dos céus. Não desista, você tem tudo pra chegar lá, e Deus nos espera na glória.

Millena Vasconcelos, estudante de Engenharia Civil da UFG, membro do grupo de oração universitário da ParUSJE. (www.twitter.com/millenarcc)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Será que Eu Tenho Vocação?

Essa pergunta em nossos dias deixa a maioria dos jovens inquietos e desnorteados. Há outro modo de questionar a mesma realidade, de fato o mais correto: a qual vocação Deus está me chamando? Essa é a nossa realidade, todos somos chamados a abraçar voluntariamente e com amor um estilo de vida proposto por Deus.

“O desejo de Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus. Deus não cessa de atrair o homem para Si e só em Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso” (Catecismo da Igreja Católica, 27). Verificamos que a vocação à qual Deus nos chama desde o momento da nossa concepção até a nossa morte é precisamente o encontro com a verdade e possessão da felicidade: Deus. Amar é a vocação de todos os homens desde o primeiro momento da criação (cf. At 17, 26-28). “Esse é o meu mandamento: que ameis uns aos outros assim como eu vos tenho amado” (cf. Jo 15, 12). Esse mandato também faz parte do nosso chamado: amar os homens, nossos irmãos em Cristo, como Deus os tem amado. Agora podemos resumir o significado da realidade que a palavra vocação expressa: amar Deus e os homens, encontrar a verdade e ser felizes.

Se isso é vocação, então porque se fala de vocação somente àquela que se refere seja à vida consagrada ou ao sacerdócio?

O propósito dessas linhas não é desmentir o uso restrito da palavra vocação, senão expor o significado mais amplo dessa realidade comum a todos. Porém o uso comum de vocação se refere ao seguimento específico da Vocação, ou seja, o modo em que seguimos o chamado da nossa existência. Daí vem os possíveis caminhos ou maneiras, ou seja, vocações, de seguir a Vocação (aquela mais ampla que referimos anteriormente): o sacerdócio, o matrimônio, a vida religiosa e consagrada e a vida solteira.

Após essa breve e simples exposição em que consistem a Vocação e vocações, uma dúvida não pode passar despercebida: como se discerne o caminho ou maneira que Deus quer que O responda e O siga? Como eu, com minha vida atarefada e corrida, vislumbro a vocação específica a que Deus me está chamando? A resposta está na oração. Mas por que a oração? Não é chata? Não é seca? Não seria melhor pesquisar no meu Google?

Deus é quem chama; se Ele chama temos que escutá-lO de alguma maneira. Como? Onde? “O homem anda à procura de Deus. Pela criação, Deus chama todos os seres do nada à existência”. “Mas é Deus que primeiro chama o homem”. “À medida que Deus Se revela e revela o homem a si mesmo, a oração surge como um apelo recíproco, um drama de aliança” (cf. 2566 e 2567 do Catecismo da Igreja Católica). É na oração onde nós encontramos o Deus que nos procura num apelo mútuo. Por um lado, fomos criados para amar e buscamos a melhor maneira de saciar este desejo. Por outro lado, Deus quer nos saciar e espera que nós vamos até Ele na Eucaristia, nas orações organizadas na paróquia, num grupo de oração e, sobretudo no nosso dia-a-dia quando na nossa consciência, o recanto mais profundo da nossa intimidade, escutamos aquela voz: “Onde estás?” (Gn 3, 9) e onde respondemos: «Eis que venho, [...] ó Deus, para fazer a tua vontade» (Heb 10, 7).

Paulo Afonso dos S. Tavares é acadêmico de Jornalismo na PUC – GO, e coordenador da Pastoral da Juventude de Trindade e catequista de Crisma. (http://twitter.com/pa_jornalista)

Artigo publicado no Diario da Manhã do dia 11 de Junho de 2010.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

"Do mundo" ou "de Deus"?

O cristão pode ir ao cinema? Pode usar boné na igreja? Pintar o cabelo de azul, amarelo, vermelho, rosa-rosa, verde? O homem pode usar brinco ou deixar o seu cabelo crescer? Pode dançar forró, reggae, dance, funk, rock, etc? Pode ir em festas ditas “do mundo”?
Como podemos caracterizar algo como sendo “do mundo” ou “de Deus”? Computador é “do mundo”?

Máquina de datilografar é “de Deus”? Novela é “do mundo”? Filme é “de Deus”? Festas com bebidas e sons exagerados são “do mundo”? Reuniões pequenas são “de Deus”? Percebem o quanto é difícil fazer uma classificação a esse respeito. 


Tudo vai depender da intenção do coração e do contexto onde tal prática está inserida.
Uma determinada festa pode ser considerada boa ou ruim aos olhos de alguém, mas nem por isso pode ser rotulada como festa “de mundo” e algo que seja pecaminoso.

O que fazer nesse caso então? Cada um siga sua própria consciência, iluminada por uma fé autêntica e não rejeite seu irmão por pensar de forma diferente.

Entendemos que essas e outras discussões não são incluídas no Evangelho, que é muito simples e que em sua essência é amar a Deus e ao próximo.

Não podemos limitar o ensinamento do cristianismo em listas permitidas e não permitidas para nós Cristãos.

A prática de usos e costumes fora da igreja, ou mesmo dentro dela, nunca contribuiu para a salvação ou santificação de alguém. Regras e tradições humanas mudam apenas o exterior, enquanto Deus está preocupado em mudar o coração.

Então leia a Bíblia, seja intimo com Deus, busque-o. Somente ele vai dizer o que “pode” ou o que “não pode”, se convém ou não convém. Não temos o direito de impor nossas opiniões. Algumas coisas são pessoais, ou seja, enquanto é pecado para alguns, é totalmente lícito para outros.

Julgar, falar mal, estas sim são atitudes mundanas que, com certeza, entristecem de maneira bastante significativa o coração do Senhor.

Não devemos perder tempo com discussões que não nos levarão a nada. Ao nosso redor há muitas pessoas precisando do nosso apoio e de salvação. Concentre-se nisso. “Ide e pregai o Evangelho a toda criatura”. Não perca a vontade de seguir o caminho do bem.

Como diz uma passagem da música de autoria do Renato Russo: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã...” Coloquemos isso em prática.


Lorena Neri Meira de Oliveira, natural de Trindade, Advogada.