quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Um Deus Diferente




Cada qual tem o direito de elaborar um conceito muito pessoal de Deus. Mesmo as filosofias e as teologias incutindo conceitos clássicos e comuns, mesmo assim as pessoas em suas mentes elaboram um conceito muito seu, muito próprio. E isso se supõe ser fruto da elaboração de certas atitudes tomadas frente a situações de sofrimento e outras provações que interfiram em seu modo de viver e até em seu modo de ser e de pensar.

Certamente Deus não irá mudar sua postura e nem sua maneira de se comunicar com as criaturas que ele próprio criou e distribuiu harmoniosamente neste universo maravilhoso e repleto de mistérios que desafiam toda e qualquer inteligência humana. Essas criaturas são obras perfeitas pensadas e criadas por ele.

E ele não irá querer jamais que nenhuma delas se deteriore, ou se destrua, ou se elimine. São frutos de um infinito amor e de uma soberana vontade. E quer que tudo se relacione e conviva numa sagrada complementação. Não é do seu plano toda e qualquer forma de agressão ou de guerra entre suas criaturas. Tudo foi criado para o bem, para o amor mútuo, para o respeito e para a comunhão.

Mesmo que nem todos assim vejam ou concebam, mesmo assim Deus zela pela harmonia e convivência pacífica. O Mestre dos mestres é quem revelou ao nosso mundo esses anseios e esses sonhos. Através das mais diversas pregações e comparações ele quis fazer conhecer a grandeza e a bondade do coração de nosso Deus e Pai.

Mesmo assim ainda persiste uma certa mentalidade discriminatória. Existe quem queira criar para si um deus um tanto justiceiro. Quer um deus que privilegie os bons e destrua os maus, um deus que recompense os justos e castigue os injustos, um deus que salve e um deus que condene.

Existem ainda pessoas que, por sua origem e sua formação religiosa, se julgam no direito de usufruir de toda a proteção e do máximo de segurança da parte de Deus. E se caso surgir uma doença grave ou qualquer outra situação de sofrimento, é mais que suficiente para um sério questionamento e até uma revolta ferrenha, pois não concebem que isso possa acontecer já que sempre foram fieis e dedicadas às causas religiosas e cristãs.

São pessoas que querem um Deus só para si, fazendo dele um bom funcionário, um esmerado servidor e um fiel empregado. Deverá estar muito atento e servir com eficiência sempre que necessário. Não poderá negar benção alguma, nem graças, nem proteção e nem saúde. Deverá preencher e satisfazer toda e qualquer necessidade.

Mas quero deixar claro: o Deus que estou buscando conhecer e seguir não um deus que resolva problemas, não é um deus milagreiro. É um Deus que concede a inteligência para pensar, planejar e elaborar meios de conviver com todas as situações e acontecimentos que envolvam o viver e o ser de toda e qualquer criatura.

O Deus em quem creio é um Deus que ama com amor especial cada criatura que ele próprio criou e quer salvar. É o Deus sempre presente com sua bondade, com sua generosidade e com suas bênçãos iluminadoras.

Frei Venildo Trevizan

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