quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O OLHAR

Os olhos revelam aquilo que o coração sente. São as janelas através das quais se pode ver a situação em que se encontra o coração e a mente. Nada escondem. Nada omitem. São uma transparência fiel daquilo que acontece no interior do ser humano.
O olhar triste, o olhar deprimido sempre revela alguma dor, algum sofrimento. O olhar vago, o olhar distante deixa transparecer medo ou insegurança. O olhar fixo revela dúvida ou teimosia. O olhar irrequieto demonstra apreensão. E o olhar alegre, tranqüilo e sereno revela a riqueza e a beleza de uma alma feliz.

Às vezes enfrentamos olhares curiosos, outras vezes olhares teimosos. E ainda olhares desconfiados e perigosos. Exigem atenção e prudência ao querer pensar alguma atitude ou alguma palavra a proferir. É importante ter postura equilibrada e resguardada para não sofrer conseqüências desagradáveis.

 “Os olhos são a lâmpada do corpo. Se o olho é sadio, o corpo inteiro fica iluminado. Se o olho está doente, o corpo inteiro fica na escuridão. Assim, se a luz que existe em você é escuridão, como será a grande escuridão!” (Mt.6,22-23)
Assim o Mestre dos mestres se manifesta em sua missão de educar cada ser humano nos princípios da fé e na riqueza do amor. Sempre encontra uma maneira simples, mas ao mesmo tempo, segura para quem o procura. O seu olhar é algo que penetra fundo no coração. É algo que impressiona cativa e transforma.

Não há quem resista. Muda o comportamento, a atitude e mesmo os projetos da pessoa. Uns aderem incondicionalmente. Outros simplesmente preferem dar as costas e tomar outro rumo. Ninguém consegue ficar indiferente.

Apenas recordando alguns fatos em que o Mestre dos mestres agiu e contagiou pelo olhar: a mulher samaritana que se viu completamente transformada ao encontrar-se com ele. Foi à cidade e disse ao povo: “Venham ver um homem que me disse tudo o que eu fiz’ (Jo.4,28). O filho pródigo: “Quando ainda estava longe o pai o avistou e teve compaixão. Saiu correndo o abraçou e o cobriu de beijos” (Lc.15,20).

Um olhar que deve ter marcado profundamente não só as mulheres que o seguiam, mas também todo o povo que o acompanhava no caminho do calvário foi quando se encontrou frente a frente e, vendo a tristeza e as lágrimas, disse: “Não chorem por mim! Chorem por vocês e seus filhos (Lc.23,28)

Seu olhar não foi apenas um olhar de consolo. Foi um chamado para se manterem fiéis a tudo quanto dele haviam recebido, pois percebera que ainda não estavam convencidas de que era preciso que ele morresse e ressuscitasse para salvar a humanidade. E elas e todos os demais deveriam assumir corajosamente a missão de levar ao mundo essa mensagem salvadora.

O olhar de Deus não é jamais um olhar investigador. É um olhar de amor. É um olhar de acolhida e transformação. É um olhar de perdão e de vida nova. É um olhar de encontro e de comunhão de vidas. É um olhar de partilha e de alegria por sentir que ainda existe uma certeza: a certeza de que ele ama a cada um e a cada uma com um amor especial.

 artigo do Frei Venildo Trevizan

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