“Unidos a Jesus Cristo e aos irmãos, sem medo e sem violência”. Continua atual esta afirmação que foi o lema episcopal do primeiro arcebispo de Goiânia, o paraibano de Patos, dom Fernando Gomes dos Santos. Se estivesse vivo, dom Fernando teria completado, no dia 4 de abril, 100 anos. Para homenagear o arcebispo, a arquidiocese preparou alguns eventos ao longo do mês. O primeiro aconteceu em 11 de março. Neste dia aconteceu uma Reunião Mensal de Pastoral, cujo tem foi “Aprofundamento do Centenário de Nascimento de dom Fernando Gomes.
No dia último 4 de abril, domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor, foi também o 100º aniversário de nascimento de dom Fernando e para dar continuidade às comemorações, no dia 1º de junho a Igreja particular de Goiânia prepara uma celebração eucarística do centenário e do 25º aniversário de falecimento de dom Fernando. Para finalizar os eventos, no dia 16 de junho haverá o 53º aniversário de instalação da arquidiocese de Goiânia e posse de seu 1º arcebispo, dom Fernando Gomes dos Santos.
Comemorar o centenário de nascimento de dom Fernando tem um porquê para a Igreja e sociedade goiana. O seu primeiro arcebispo viveu intensamente para o Evangelho e para o povo de Goiânia. “Dom Fernando foi o homem certo no tempo e no lugar certo”, diz padre Alaor Rodrigues de Aguiar, sobre dom Fernando. De acordo com o padre, a história do primeiro arcebispo de Goiânia se confunde com a história do estado, bem como com a história da capital do país, Brasília.
Quando iniciava a construção de Brasília dom Fernando foi enviado pela Igreja para acompanhar e articular o diálogo entre a Igreja e Governo, e, para abrir espaço eclesial em Brasília, sob sua jurisdição.
Em Goiânia, dom Fernando conseguiu a realização da 4ª Conferência da CNBB. Além disso, ele levou o Episcopado Brasileiro a Brasília para que fosse recebido e pudesse dialogar com Juscelino Kubistchek, engenheiros, arquitetos e diretores da Novacap. “Naquele momento, mais uma vez, dom Fernando falou em nome da Igreja, em nome dos bispos do Brasil”, diz padre Alaor.
Concílio Vaticano II e Ditadura Militar no Brasil
Dom Fernando Gomes é também uma história emblemática na história da Igreja no mundo. Ele participou das quatro sessões do Concílio Vaticano II (1962 – 1965) e marcou presença com seis intervenções, quatro escritas e duas orais, sendo que as orais tiveram maiores repercussões, segundo dados do pesquisador padre Beozzo. Em outro cenário, na Conferência Episcopal Latino Americana de Medellín, dom Fernando coordenou a comissão encarregada de estudar os meios de comunicação social. Durante a ditadura militar de 1964, ele não fechou os olhos para o terror que tomaria conta do país até a década de 1980. “Durante essa triste fase da história do Brasil em que aconteceu o golpe militar, a Igreja de Goiânia não ficou calada nem omissa. Pelo contrário, estava forte e viva de esperança”, lembra padre Alaor.
Comunicação, educação e trabalho social
Na comunicação, dom Fernando Gomes é o responsável pela fundação do Jornal Brasil Central, que atualmente foi revitalizado pelo arcebispo de Goiânia, dom Washington Cruz. Além desse jornal impresso, ele também adquiriu a Rádio Difusora de Goiânia e a Revista da Arquidiocese.
Na educação, viabilizou o Movimento de Educação de Base (MEB) e fundou a Universidade Católica de Goiânia (UCG), que, no ano passado veio a ganhar o título de Pontifícia Universidade Católica (PUC). Na época, o presidente JK havia mostrado impossibilidade do Governo Federal criar uma universidade para o estado do Goiás e a UCG tornou-se sinal de vida e de esperança para a Igreja e sociedade de Goiás.
Foi dom Fernando também quem montou a experiência piloto da Reforma Agrária na fazenda Nossa Senhora da Conceição de propriedade da arquidiocese.
Testemunhos
O arcebispo emérito de Goiânia, dom Antônio Ribeiro de Oliveira, diz ser privilegiado por ter participado do ministério de dom Fernando desde o início. Ele foi o primeiro pároco da Catedral (1957 – 1961) e o primeiro vigário geral de dom Fernando. Foi também nomeado bispo auxiliar de dom Fernando pelo papa João XXIII neste período. Sobre a época ele destaca. “Foi uma verdadeira epopéia cívica e eclesial. Merece um capítulo da História da Igreja no Brasil. [...] Não é possível colocar tudo nos limites de um pequeno depoimento”.
“Ele foi um grande paraibano no Centro-Oeste, uma luz levantada na encruzilhada geográfica e cultural que se transformou e sua amada Goiânia”, diz o filósofo, teólogo e cientista social, Ivo Poletto sobre a figura de dom Fernando Gomes. De acordo com ele, dom Fernando foi um pastor que teve muito amor pela Igreja de Jesus. “Seu amor sempre foi ativo, participativo, provocador de mudança. Seu grito profético sempre foi no sentido de não ter medo”.
O bispo emérito de Itumbiara (GO), dom Celso de Almeida, relembra a coragem de defender, sobretudo, os membros da Igreja, sejam eles leigos, padres ou religiosos. “Lembro-me perfeitamente de algumas atitudes corajosas que tomou, como bom pastor. Quando um agente de pastoral leigo foi seqüestrado em Wanderlândia no então norte de Goiás, hoje Tocantins, dom Fernando se deslocou para lá, protestando e exigindo a libertação do missionário. Quando os dois padres franceses Aristides Carmio e Francisco Gouriou – da diocese de Conceição do Araguaia estavam presos em Brasília, dom Fernando não teve dúvidas: viajou com um grupo de bispos, padres e leigos para visitar os presos e protestar diante do governo e dos militares pela atitude injusta que estavam tomando”, diz dom Celso.
No dia último 4 de abril, domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor, foi também o 100º aniversário de nascimento de dom Fernando e para dar continuidade às comemorações, no dia 1º de junho a Igreja particular de Goiânia prepara uma celebração eucarística do centenário e do 25º aniversário de falecimento de dom Fernando. Para finalizar os eventos, no dia 16 de junho haverá o 53º aniversário de instalação da arquidiocese de Goiânia e posse de seu 1º arcebispo, dom Fernando Gomes dos Santos.
Comemorar o centenário de nascimento de dom Fernando tem um porquê para a Igreja e sociedade goiana. O seu primeiro arcebispo viveu intensamente para o Evangelho e para o povo de Goiânia. “Dom Fernando foi o homem certo no tempo e no lugar certo”, diz padre Alaor Rodrigues de Aguiar, sobre dom Fernando. De acordo com o padre, a história do primeiro arcebispo de Goiânia se confunde com a história do estado, bem como com a história da capital do país, Brasília.
Quando iniciava a construção de Brasília dom Fernando foi enviado pela Igreja para acompanhar e articular o diálogo entre a Igreja e Governo, e, para abrir espaço eclesial em Brasília, sob sua jurisdição.
Em Goiânia, dom Fernando conseguiu a realização da 4ª Conferência da CNBB. Além disso, ele levou o Episcopado Brasileiro a Brasília para que fosse recebido e pudesse dialogar com Juscelino Kubistchek, engenheiros, arquitetos e diretores da Novacap. “Naquele momento, mais uma vez, dom Fernando falou em nome da Igreja, em nome dos bispos do Brasil”, diz padre Alaor.
Concílio Vaticano II e Ditadura Militar no Brasil
Dom Fernando Gomes é também uma história emblemática na história da Igreja no mundo. Ele participou das quatro sessões do Concílio Vaticano II (1962 – 1965) e marcou presença com seis intervenções, quatro escritas e duas orais, sendo que as orais tiveram maiores repercussões, segundo dados do pesquisador padre Beozzo. Em outro cenário, na Conferência Episcopal Latino Americana de Medellín, dom Fernando coordenou a comissão encarregada de estudar os meios de comunicação social. Durante a ditadura militar de 1964, ele não fechou os olhos para o terror que tomaria conta do país até a década de 1980. “Durante essa triste fase da história do Brasil em que aconteceu o golpe militar, a Igreja de Goiânia não ficou calada nem omissa. Pelo contrário, estava forte e viva de esperança”, lembra padre Alaor.
Comunicação, educação e trabalho social
Na comunicação, dom Fernando Gomes é o responsável pela fundação do Jornal Brasil Central, que atualmente foi revitalizado pelo arcebispo de Goiânia, dom Washington Cruz. Além desse jornal impresso, ele também adquiriu a Rádio Difusora de Goiânia e a Revista da Arquidiocese.
Na educação, viabilizou o Movimento de Educação de Base (MEB) e fundou a Universidade Católica de Goiânia (UCG), que, no ano passado veio a ganhar o título de Pontifícia Universidade Católica (PUC). Na época, o presidente JK havia mostrado impossibilidade do Governo Federal criar uma universidade para o estado do Goiás e a UCG tornou-se sinal de vida e de esperança para a Igreja e sociedade de Goiás.
Foi dom Fernando também quem montou a experiência piloto da Reforma Agrária na fazenda Nossa Senhora da Conceição de propriedade da arquidiocese.
Testemunhos
O arcebispo emérito de Goiânia, dom Antônio Ribeiro de Oliveira, diz ser privilegiado por ter participado do ministério de dom Fernando desde o início. Ele foi o primeiro pároco da Catedral (1957 – 1961) e o primeiro vigário geral de dom Fernando. Foi também nomeado bispo auxiliar de dom Fernando pelo papa João XXIII neste período. Sobre a época ele destaca. “Foi uma verdadeira epopéia cívica e eclesial. Merece um capítulo da História da Igreja no Brasil. [...] Não é possível colocar tudo nos limites de um pequeno depoimento”.
“Ele foi um grande paraibano no Centro-Oeste, uma luz levantada na encruzilhada geográfica e cultural que se transformou e sua amada Goiânia”, diz o filósofo, teólogo e cientista social, Ivo Poletto sobre a figura de dom Fernando Gomes. De acordo com ele, dom Fernando foi um pastor que teve muito amor pela Igreja de Jesus. “Seu amor sempre foi ativo, participativo, provocador de mudança. Seu grito profético sempre foi no sentido de não ter medo”.
O bispo emérito de Itumbiara (GO), dom Celso de Almeida, relembra a coragem de defender, sobretudo, os membros da Igreja, sejam eles leigos, padres ou religiosos. “Lembro-me perfeitamente de algumas atitudes corajosas que tomou, como bom pastor. Quando um agente de pastoral leigo foi seqüestrado em Wanderlândia no então norte de Goiás, hoje Tocantins, dom Fernando se deslocou para lá, protestando e exigindo a libertação do missionário. Quando os dois padres franceses Aristides Carmio e Francisco Gouriou – da diocese de Conceição do Araguaia estavam presos em Brasília, dom Fernando não teve dúvidas: viajou com um grupo de bispos, padres e leigos para visitar os presos e protestar diante do governo e dos militares pela atitude injusta que estavam tomando”, diz dom Celso.
Fonte:CNBB
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